sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Crise? Que crise?

Em meio aos boatos anunciando a derrocada dos jornais impressos — situação que teria tomado um empurrãozinho extra com a crise global — uma notícia trouxe nova experança para a plebe nas redações.

Earl Wilkinson, diretor-executivo da International Newsmedia Marketing Association (INMA) fez a seguinte leitura da atual conjuntura para os periódicos tradicionais:

"This is not a crisis of newspapers. This is a crisis of leadership in many Titanics"

Ufa! Mais um otimista.

Leia o artigo na íntegra.

Pede pra sair

Parte do lide de um release encaminhado à redação no final de 2008:

"O final das chuvas que alagaram boa parte do Estado na última semana deu um sopro de vida para o comércio do Litoral neste período de Carnaval"

Sem comentários.

Tragédia sertaneja

Os primeiros telejornais do dia complementam o café da manhã de muitos telespetadores. Como é cedo, a equipe envolvida na produção destes programas precisa escrever parte do material poucas horas antes das informações irem ao ar. De vez em quando, sai uma cabeça de matéria como essa:

"A tragédia em Santa Catarina: a dupla Zezé di Camargo e Luciano vem ao Estado..."

Essa chamada foi lida na tevê no final de 2008, quando cidades catarinenses registraram estragos provocados pela forte chuva.

Tudo como dantes...

A história contada por um inspetor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Santa Catarina durante entrevista na rádio CBN/Diário parece que não colou. Alguém esqueceu de combinar com a direção da PRF em Brasília.

Na terça-feira, quando o número de mortos nas estradas federais no Estado já chegava a 18 — três a mais que o registrado no ano passado durante o Carnaval — o policial rodoviário revelou que a data de início da operação divulgada por meio de release à imprensa estava errada.

Comentei isso num post anterior, você lembra.

O texto dizia que a operação tinha início à 0h de sexta. A informação teria sido divulgada de maneira equivocada pelo agente federal que digitou o texto. Segundo o inspetor, orientação da PRF no Distrito Federal (que coordena as ações no país) definia a 0h de sábado para o começo da operação nas estradas em todo o país.

Com esta simples mudança, os sete mortos nas rodovias federais catarinenses na sexta-feira deixariam de ser contabilizados no balanço do Carnaval. O número de vítimas cairia para 11.

Uma redução e tanto para a PRF, sendo que as chances de ter um número total de mortos menor que o registrado no mesmo período em 2008 (15) aumentavam.

O alto escalão da rodoviária federal também teria determinado o fim da divulgação de dados preliminares — número total de mortos, feridos, acidentes, etc — até o final da operação especial durante os dias de folia.

A operação acabou à 0h de quinta, dia 26. Logo cedo, o diario.com.br — comprovando que jornalistas têm a capacidade de somar — já adiantava o total de mortos nas BRs.

À tarde, a PRF divulgou os números oficiais. Diferente da versão contada pelo inspetor catarinense, as ocorrências da sexta-feira — quando sete pessoas morreram nas BRs —, foram incluídas no balanço da Operação Carnaval 2009.

E agora, José? O que será que causou este ruído na comunicação na PRF?

Números da Operação 2009

Rodovias Federais: 19 mortos (4 a mais que em 2008)
Rodovias Estaduais: 8 mortos (4 a mais que em 2008)

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Foragido da polícia e da mulher

Alguns batalhões da Polícia Militar catarinense disponibilizam para a imprensa, na internet , relatórios diários com as ocorrências mais importantes do período. Quase sempre são produzidas matérias a partir destes textos policiais.

Ainda em 2008, a ocorrência abaixo me fez refletir sobre a nossa segurança e o que está sendo feito para melhorá-la. Segue...

Depois de uma perseguição policial em Itajaí, no Litoral Norte, o suspeito abandonou o carro que dirigia. A polícia encontrou o carro dele e deu aquela vasculhada. Encontraram drogas escondidas no carro.

Sobre o banco do carona, havia um celular. De tempo em tempo o aparelho anunciava o recebimento de uma nova mensagem. Enquanto isso os policiais tentavam agilizar a retirada do carro para o pátio de uma delegacia e a mobilização de outras viaturas para continuarem a busca pelo foragido.

Nos textos enviados para o celular, o remetente insistia em marcar um encontro com o rapaz que havia fugido. Os agentes da PM resolveram ligar para o celular de onde partiam as mensagens, para descobrir alguma nova informação sobre o dono do aparelho.

Descobriram que a empregada doméstica do rapaz foragido era quem tentava entrar em contato. Os dois eram amantes. A informação — à primeira vista, inútil — foi sabiamente usada.

Os soldados resolveram ir até a casa do dono do carro, a partir do endereço no documento de licenciamento do veículo. Chegando lá, contaram tudo à esposa do suspeito. Dito e feito. A mulher soltou o verbo.

Disse que o marido era o responsável por vários assaltos na região e que havia saído, instantes antes, na companhia de um comparsa.

Mesmo assim, ele não foi localizado. E certamente perdeu a mulher.

----------------------------
Voltando ao caso das resenhas policiais, um trecho do texto dessa ocorrência me deixou com a pulga atrás da orelha. Dizia exatamente assim:

"A guarnição tentou ainda marcar um encontro via telefone com o assaltante, mas ele não compareceu"

Será que os soldados pensavam que o foragido iria comparecer a um encontro marcado com a polícia? Só se fosse pra se safar da esposa...

Bandidos carentes

Não faz muito tempo, um homem foi raptado por três suspeitos em uma caminhonete no Centro de Rio do Sul. Os bandidos renderam a vítima e a colocaram dentro do carro.

Depois, seguiram com o coitado até um restaurante, onde compraram cervejas. Depois de rodarem um pouco com o refém, resolveram liberar o rapaz, que chamou a polícia. Me explique o que se passa na cabeça de uma turma como essa? Será que queriam fazer uma nova amizade e notaram que não ia dar certo?

Morta-viva

É bem verdade que, às vezes, o repórter pisa na casca de banana e o editor cai junto. Não faz muito tempo, um periódico catarinense publicou um texto que tentava explicar a morte de uma mulher centenária. Segue parte do sublide (os nomes foram omitidos):

"Fulana morava com o filho, Siclano. Segundo informações repassadas para os bombeiros, Fulana acordou sem sinais vitais. O Corpo de Bombeiros chegou a ir até o local, perto das 10h, e deu a causa da morte como natural".

Taí, o primeiro caso de alguém que acorda morto.

Da série: o que eu vou dizer pra ti?

Diariamente chegam dezenas de mensagens eletrônicas encaminhadas por leitores à redação. A participação cresce exponencialmente a cada mês que passa e também é intensificada de acordo com os acontecimentos.

Chega de tudo. Do mais absurdo aos comentários pertinentes. Elogios, sugestões e, é claro, críticas. Em todos os casos, é regra o editor dar um feedback ao internauta. É uma troca legal, para ambos os lados.

A relação entre jornalista e leitor chega ao ponto de ambos se adicionarem no MSN.

Feedback

Como disse, também há situações em que o jornalista precisa respirar fundo. Para estes casos, um editor colega instituiu a série "O que eu vou dizer pra ti?". Segue...

Em meio aos festejos da eleição de Barack Obama para a presidência dos Estados Unidos, um leitor encaminhou uma mensagem à redação em que solicitava o contato telefônico do líder negro norte-americano.

Ele queria oferecer um filhote de cão da raça Samoieda ao primeiro negro eleito presidente dos EUA. Detalhe: o leitor tinha o nome de um personagem dos Thundercats.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Maquiagem?

Nas edições online dos jornais, informações que eram publicadas "no dia seguinte" acabam disponíveis ao internauta quase que simultaneamente aos acontecimentos. Essa agilidade parece estar atrapalhando o governo federal.

Segundo fontes em Brasília, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) teria orientado as regionais pelo país a não repassarem dados parciais (número total de óbitos, feridos, acidentes, etc) da operação Carnaval 2009.

A mudança acontece dias depois do início da fiscalização especial durante o período de folia. Em Santa Catarina, recordista em acidentes, em apenas três dias de Carnaval o número de mortos nas estradas federais e estaduais (24) já superava o de todo o período de Carnaval no ano passado, quando foram 20 vítimas em seis dias.

1 + 1= ?

No quarto dia da operação Carnaval (dia 24/02), a redação foi informada de um suposto acidente com óbito na região Norte do Estado durante a madrugada. Ao tentar checar com a PRF, fomos informados que não seriam repassados dados sobre acidentes com óbitos a partir de agora. Ordens superiores.

Pela manhã, enquanto ainda tentávamos entender o que estava acontecendo, o inspetor responsável pela comunicação da PRF limitou-se a dizer que a divulgação sobre mortos em acidentes até a quarta-feira de cinzas estava centralizada nele e confirmou que não seriam repassados números preliminares da operação Carnaval. Como se os jornalistas não tivessem como somar os óbitos já registrados e publicar os dados parciais! Entenda...

Variável

Outra curiosidade é a mudança da data válida para o início da operação Carnaval 2009 em Santa Catarina. Dias antes do início da festa, a PRF havia divulgado que a fiscalização seria intensificada a partir da 0h de sexta, dia 20 de fevereiro.

Quatro dias depois — quando os números de mortos já superavam os do mesmo período do ano passado e a divulgação dos dados parciais foi suspensa— a mesma polícia rodoviária comunicou que houve um problema no release (texto enviado à imprensa) e a informação sobre o início da operação saiu equivocada. Agora, vale o número de ocorrências a partir da 0h de sábado.

Somente na sexta-feira, dia eliminado da operação, foram pelo menos sete vítimas nas BRs de Santa Catarina. Com essa simples mudança, o número de mortes nas estradas federais caiu de 18 para 11. Em 2008, foram 15 mortes nos seis dias de carnaval.

Parece que se o número de mortos voltar a ultrapassar o total do ano passado, o sábado também vai deixar de contar. Será que essa é a lógica?

Rehab

Para levar aos internautas a informação mais recente sobre os fatos, o pessoal da redação quase não larga o telefone. É o tempo todo buscando o desenrolar dos acontecimentos — a suíte, como falamos.

Entre uma ligação e outra, minutos de espera ao telefone. Numa dessas, durante o contato com a emergência de um hospital catarinense, às 6h30min, ouvi uma trilha sonora bizarra:



Imagine-se ligando para um hospital em busca de informações sobre um parente acidentado...

Obama catarina

Um conhecido radialista começou a entrevista com um professor universitário sobre a posse de Barack Obama com essa pérola:

— Até onde o Obama é catarinense, professor?

O entrevistado fez uma pausa....

Thriller

Jornal do Estado trouxe a manchete abaixo na edição após o último Dia de Finados. Para onde foram os cadáveres?

"Chuva esvazia cemitérios em XXXXXXX (nome da cidade)"

Acho que o fenômeno não é inédito. Alguém lembra do clipe da Thriller, do Michael Jackson?

Golpe baixo

Freud definia a libido como uma energia psíquica que provém do instinto sexual. Segundo ele, a conduta do homem durante a vida é determinada pela intensidade dessa "fissura" — uns mais controlados, outros menos.

Pois que um fulano no Oeste de Santa Catarina superou tudo o que eu já ouvi falar sobre o tema. O homem, de 50 anos, aproveitou que a companheira estava sob o efeitos de remédios psicotrópicos (que agem no cérebro e deixam o paciente "dopado") para praticar sexo anal com a patroa.

A mulher acordou horas depois, notou que havia sido "violada" e chamou a polícia. O sacana foi preso em flagrante. Imagino que ele deve ter terminado pior que a mulher. Certamente os companheiros de cela não deram nada para dopá-lo na hora H....

Kit cão

Há alguns meses, uma notícia chamou a atenção entre as atendidas pela Polícia Militar (PM) de Chapecó, no Oeste. Dois suspeitos, armados, assaltaram um mercado no Centro da cidade.

Até aí tudo bem. Já não é novidade ações desse tipo em plena luz do dia. O detalhe é que os caras roubaram 1,5 quilo de carne moída, um quilo de ração para cães e vasilhames de plástico.

Certamente o bandido tinha acabado de arrumar um animalzinho de estimação e, como dono atencioso, tratou logo de fazer aquela comprinha básica para receber o pet. Amigão!