segunda-feira, 23 de março de 2009

Suitar

Quando do assassinato de uma dançarina pelo ex-companheiro, em Florianópolis, não tinha dia que o assunto não rendesse pelo menos uma nota pelada nos telejornais. Por um bom tempo, o principal gancho das matérias eram as investigações para descobrir onde o suspeito do crime teria escondido o corpo da vítima.

A polícia, com base no que tinham dito testemunhas, já sabia que o ex-parceiro da vítima fora visto numa praia isolada, em atitude suspeita. Fizeram uns três dias de busca no local e nada do corpo.

Eis que num desses dias, um programa televisivo anuncia o suposto encontro do cadáver. Aquela coisa: Polícia encontra o que pode ser o cadáver da dançarina assassinada!

Da abertura até o último bloco, incansáveis chamadas para o que seria o fato que incriminaria, de vez, o principal suspeito do crime. Afinal, sem corpo, não há crime — como dizem os investigadores.

No último bloco, o telespectador já imaginava as cenas do resgate do corpo, aquela afobação de fotógrafos, peritos, policiais, e, é claro, curiosos. Daí que o âncora no estúdio chama o repórter, ao vivo, às margens de uma rodovia.

Ele desenvolve um texto retrospectivo, relembra o que havia dias todo mundo já estava cansado de saber. No final, cita a presença de urubus, sobrevoando um ponto da praia...e solta a pérola:

— ...e, apesar da presença das aves (urubus), nenhum sinal do corpo — finaliza a participação e o programa.

Pergunta: Onde está a matéria? Até hoje ninguém entendeu. Imagine o telespectador...

Nenhum comentário:

Postar um comentário